Friday, January 6, 2012

Tiramisu, Tiramisu, Tiramisu!



(E imagine um carcamano falando isso, balançando ambas as mãos em formato de figo…)


Eu tenho ascendência italiana. Não sei foram eles ou os portugueses que me deram os braços peludos e a calvície, mas passo bem como um italianão aqui pelas bandas de New York. Cresci numa família identificada com as coisas dos italianos: Palmeiras, macarronada, vinho tinto, pizza, falatório, falatório, falatório. Mas nunca ninguém da minha família fez Tiramisu de sobremesa. E eu entendo o porquê.

Apesar da minha preguiça em pesquisar, creio que os Tiramisus foram discretamente aparecendo nos cardápios dos restaurantes brasileiros, mas de uns para cá a coisa tomou vultos trágicos: ele substituiu o famigerado Petit Gateau, depois que ele foi incorporado pelo Girafa’s.

Outro fenômeno importante: o filme argentino “O Filho da Noiva”, no qual aquele bonitão (Ricardo Darín) que faz todos os filmes argentinos aparece administrando um restaurante falido da família que parece vender somente Tiramisu. Ouvi dizer que a venda da sobremesa cresceu assustadoramente depois do filme.

Então o Tiramisu virou hoje uma sobremesa de risco, como o foram o creme de papaia com licor de cassis, o pudim de leite de condensado, o manjar branco e o petit gateau. Então, pedir um Tiramisu pode levar a uma desagradável experiência de comer um pavê aguado, porque a maioria dos restaurante serve uma imitação barata, feita com ingredientes de segunda linha ou mistura de coisas sem sentido.

Pesquisando na internet, encontrei diversas receitas que colocam outros ingredientes, como creme de leite, entre outros, fazendo com que a sua sobremesa termine meio assim, um Tiramisu do Girafa’s.

Portanto, se quiser dar-se ao luxo de saborear um verdadeiro Tiramisu, faça tudo direitinho e não tenha medo em abrir a carteira....

Anota aí a listinha de ingredientes:

500g de queijo mascarpone ( não é “chantilim”!)

5 a 6 colheres de sopa bem cheias de chocolate em pó ( não é Nescau; é chocolate de fazer chocolate quente, tipo “do padre”)

2 doses de Rum ou Conhaque ou Cherry

6 ovos inteiros

4 colheres de sopa bem cheias de Açúcar

5 doses de café expresso (se não tiver máquina de café, compre na rua e leve pra casa)

2 pacotes de bolacha champagne (se preferir, compre aquelas fresquinhas das padarias. Descobri que aqui em NY elas se chamam Ladyfingers aka “dedos de mulher”)

Deixe todos os ingredientes em temperatura ambiente.

Primeira etapa. Comece adicionando uma dose do destilado (nessa receita, eu usei um Rum maravilhoso da Venezuela, envelhecido 12anos), uma colher de sopa bem cheia de chocolate em pó e o café expresso. Misture tudo e deixe esfriar.

Segunda etapa. Pegue os ovos, separe as claras das gemas. Bata as claras em neve e adicione o açúcar às gemas, ponha para bater até se transformar num creme bem clarinho. Quando estiver pronto, adicione o mascarpone e mais uma dose do destilado.Mexa bem até formar uma massa uniforme. Acrescente as claras em neve e mexa com uma espátula o suficiente para misturar tudo, com cuidado para não perder o ponto das claras.

Terceira etapa. Numa tigela quadrada ou retangular pequena, comece a montar a sobremesa em camadas: molhe as bolachas naquela mistura da primeira etapa (chocolate+rum+ café) e forre o fundo da forma. Cubra a primeira camada com o creme e vá repetindo a operação até exterminar os ingredientes, finalizando com uma camada de creme.

Coloque na geladeira por algumas horas. Na hora de servir, polvilhe com cuidado o restante do chocolate em pó. Sirva em pequenos retângulos e despreze a cafonice das frutinhas e das caldas pra enfeitar. Isso só rouba o gosto da sobremesa!

E se quiser ser muito tradicional, acompanhe seu Tiramisu com uma deliciosa Grappa!

Divirta-se!