Saturday, April 28, 2012

Mitos e Verdades sobre a Placa de Sal Rosa do Himalaia


Faz muito tempo que ouço um amigo très chic falar de suas incursões a supermercados e empórios em busca do tal sal rosa do Himalaia. Até então seus comentários nunca aguçaram a minha curiosidade. Achava, fancy, pitoresco, super gay. Nunca me interessei em usar. Mas, vendo um programa de TV no Canal Food Network, nos EUA, descobri um restaurante que fazia kebabs assados nessa placa maravilhosa. Consegui comprar no Amazon e também está à venda em lojas como "Sur la Table"e "Williams Sonoma, lá no Tio Sam.Uma ótima notícia: descobri que as placas já se encontram à venda nas lojas da Bombay em São Paulo, mas são placas pequenas e mais finas, que portanto irão durar bem menos
(http://www.bombayherbsspices.com.br).



Sim, ela demora para esquentar. Cerca de 40 minutos. Depois disso, é só alegria! E o resultado é simplesmente fascinante! Apoiando a placa diretamente no fogo, no grill, na churrasqueira a até mesmo no forno, basta untar a placa com azeite e cozinhar os alimentos, sem nenhum tempero prévio. O resultado é, no mínimo, curioso: o alimento cozinha rapidamente e o sal da placa tempera na medida! Mas prepare-se! A placa faz uma sujeira daquelas e é difícil de limpar depois. Nossa estréia foi com camarão pistola, shitake, champignon e legumes. O polvo que não foi muito feliz. Ficou duro feito um pau, simplesmente "incomível".


Na sessão de hambúrgueres, uma certa decepção. Os hambúrgueres, recheados com queijo Gruyère, ficaram lindos, moreninhos por fora, mas um pouco frios e crus por dentro. Mas mesmo assim ficou gostoso. Nessa "versão", o hambúrguer acompanhou batatas que foram previamente cozidas para amolecerem um pouco.




Na terceira incursão às Aventuras da Placa do Sal Rosa, foi a vez
da majestosa picanha. Como se não tivesse aprendido a lição, comecei com fatias grossas e coloquei duas cebolas e vários dentes de alho para assar.  Mas logo me lembrei da lição deixada pelos hambúrgueres e cortei fatias bem finas, quase  microscópicas da picanha. O resultado foi fascinante: elas ficam prontas muito rápido, a carne não fica escura, ela fica bem clarinha e o sal tempera deliciosamente. Para acompanhar, os alhos grelhados se derretem como uma pasta e, amassados dão um sabor todo especial à carne. Também fiz um vinagrete delicioso que levava limão rosa ao invés de vinagre. 





E se puder escolher entre fogão, forno ou churrasqueira para usar a placa, escolha a última. Porque, apesar de delicioso, no fogão faz uma sujeira danada. Mas se for usar forno ou fogão, não se esqueça de forrar com papel alumínio antes, coisa que eu não fiz da primeira vez.




Limpar a placa é um capítulo (muito) à parte. Das técnicas desenvolvidas por tentativa e erro, a melhor que encontrei foi raspar com um espátula de metal enquanto ainda estiver quente, adicionando um pouco de água. Também comprei uma esponja sintética, imitando buchas de aço, mas que não deixam resíduos na placa. Ela fica feia depois do primeiro uso e notam-se os buracos do desgaste. Cuidado para não jogar água muito quente e nem deixar a placa de molho, porque ela pode dissolver ou quebrar. Mesmo com todos esses cuidados, ela pode se quebrar. A minha quebrou, mas com sorte foi uma trinca bem na ponta, permitindo que ela fosse usada outras vezes.


 Apesar de tudo, não me arrependo de ter comprado. É um jeito interessante de preparar a comida e muito saboroso! Finalmente depois de seis ou sete "episódios", ela faleceu. Em seu último uso, eu já imaginava que ela estivesse na UTI. Estava muito corroída, bem escura, cheia de veios profundos e dito e feito: quebrou-se na última lavagem. Mas já tinha comprado outra, que estreei recentemente. 



Tartiflette Fofoletique



Quando se fala de comida francesa, sempre pensamos em coisas muitos sofisticadas e complicadas de fazer. De fato, tem muita coisa elaborada, mas a culinária francesa não vive só de glamour. Tem gente da roça, das montanhas, da beira da praia. E, de cada região, uma riqueza, um vinho, um queijo.  Até porque nem toda França é Paris.

A Tartiflette é um típico exemplo de um prato sofisticado, delicioso, que impressiona na mesa, mas é muito simples de fazer. É um prato típico da Savoie, região dos Alpes, fria e montanhosa. É um prato “quente”, daqueles que dão suador ao comer e caem muito bem nos dias frios, acompanhado de um bom tinto. O prato é feito com um queijo chamado Reblochon,  proveniente dessa região; um queijo encorpado, de sabor pronunciado e bastante gorduroso e calórico, porque é feito com o leite que permanece mais tempo nas tetas da vaca, acumulando assim mais gordura e nutrientes.

Na França,  o nome do prato costuma mudar conforme o ingrediente utilizado ou a região de onde ele vem. No restaurante Les Caves de Bourgogne, por exemplo, comi um prato idêntico chamado Cassoulette. A Raclette é um prato semelhante, onde o queijo é raspado e fundido sobre diversos tipos de alimentos.

Mas aqui no Brasil, ninguém vai ser tão rigoroso. E seja qual for o queijo utilizado, o resultado vai ser fascinante. Sendo assim, tome nota dos ingredientes:




01 ou 02 queijos Reblochon de 300g (na falta dele, pode-se usar um Camembert. Eu usei o Camembert Coeur de Lion, que tem um sabor bem encorpado).
1kg de batatas
300g de bacon (ou panceta)
½ litro de creme de leite fresco
03 dentes de alho
01 cebola grande bem picada
Sal
Pimenta do reino
Azeite de oliva
Vinho branco


Deixe o queijo fora da geladeira, desembrulhado, por no mínimo 2 horas. Para quem tem medo do cheiro ruim do queijo, isso ajuda a liberar os odores desagradáveis, deixando só a parte boa do queijo.

Cozinhe as batatas, tomando o cuidado para não deixá-las muito moles. Quando estiverem cozidas, pele-as deixe-as esfriando, sem jogar água. Ao esfriarem, corte em fatias largas ou pequenos cubos.

Numa frigideira, esquente um fio de azeite. Doure o alho, acrescente a cebola e o bacon. Refogue até o bacon atingir uma cor brilhante, abaixe o fogo e acrescente o creme de leite. Coloque ½ copo de vinho branco, uma pitada de sal e deixe ferver um pouco. Desligue o fogo.

Unte uma assadeira ou refratário (eu usei uma assadeira oval de barro) com um pouco de azeite. Disponha as batatas no fundo e depois despeje o conteúdo da frigideira.

Pegue o queijo, divida-o no meio com uma faca e coloque ele sobre o conteúdo da assadeira, com a “casca” voltada para cima, como se fosse uma tampa. Leve ao forno pré-aquecido e retire quando estiver dourado. Ao servir, pode polvilhar um pouco de pimenta do reino.

Sirva pequenas porções em pratos e como ainda quente. O queijo costuma derreter e se misturar com o creme de baixo, com um sabor delicioso. Na França, não costuma ter acompanhamento e o molho é comumente degustado com pedaços de pão. Entretanto, é um prato que casa bem ser servido com arroz branco, costume bem comum entre os brasileiros.

E para beber, lógico que eu prefiro um bom vinho tinto.  Minha sugestão, só para ser completo, é um vinho da região da Savoie, o Mondeuse Arbin.
 
Et voilá! Bon apétit!